Foi casca, polpa, caroço e tudo mais q pude encontrar no Umbigo do mundo!
depois conto tudo!
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
sábado, 8 de dezembro de 2007
Fronteiras do pensamento, da paciência e da beleza
Tirei a roupa de ginática e botei o que estava vestindo antes. Corri para a Reitoria. Aliás, corri para pegar o ônibus para ir à Reitoria. A academia ainda não fez milagre no meu condicionamento físico.
Quando cheguei lá, me meti na primeira fila absurdamente grande para arranjar a pulseirinha VIP que o meu professor havia me prometido.
Oi. Tu é a Michele? Eu sou aluna do Hohlfeldt. (estendendo o pulso)
Esta era a senha to the doors of perception (como diria Jim Morrison). As portas para entender o que o escritor (e tantas outras atividades mais) Michel Houellebecq pensa, teoriza e bota no papel. Quando eu já avistava as lindas moças do outro lado do balcão, uma delas veio em nossa direção (nós meaning simples terrestres que não têm a pele perfeita ou o cabelo Seda Brilho Gloss - o comercial com a frase 'Ou você tem brilho ou não tem nada' ecoou pelo meu cérebro).
-Todo mundo que está nessa fila está querendo comprar o passaporte para o ano que vêm, né?!
Não. Eu só quero aproveitar todas as regalias de bolsista da PUC e de aluna do professor Hohlfeldt. Eu não quero pagar 550 reais, mesmo que eu possa parcelar em INCRÍVEIS DUAS vezes. Saí humildemente do meu lugar e fui falar com a moça.
Ela não sabia aonde eu tinha que ir. 'Essa fila é para os alunos que querem comprar o passaporte." Ok, isso eu já entendi. Falei com alguém do balcão, que me apontou a Michele. A Michele era a chefona. Tão chefona que nem a sua voz de taquara rachada nem o seu sorriso branco e largo a impedia de ser contaminda pelo estresse.
Ela me disse alguma coisa sobre 19 e trinta, 20 e trinta, lançamento do Fronteiras 2008, palestra. E A MINHA PULSEIRINHA?! ela já tinha voltado ao mar de pessoas empiriquitadas que tinham coragem de se mostrar indignados pela falta de informação. Coisa que eu não tinha.
Esperei perto de um pilar a Michele passar de novo por mim. Mas ela era agarrada por unhas bem feitas e puxada por mãos de anéis enormes. Todas já impacientes. Enquanto isso, aproveitei pra ver o trabalho das moças de-pele-perfeita-e-cabelo-Seda-Brilho-Gloss. As loiras do balcão avisavam as pessoas que elas precisavam entrar na fila grande, para depois voltarem ali. A Michele gritava (lembre-se: com sua voz de taquara rachada) que não era necessário entrar na tal fila. E o movimento bate-e-volta de 'fila-balcão livre-fila' continuava. Também havia umas outras loiras e uma morena que tinham que estar amenizando o caos, tirando dúvidas sobre pagamentos e prazos. Mas elas não sabiam as respostas. Então ficavam atrás da chefona perguntando o que elas já deveriam saber.
Quando consegui abordar a Michele de novo, ela repetiu furiosa (lembre-se: com a voz de taquara rachada): às 19 e trinta vai ter o lançamento do Fronteiras do Pensamente 2008! Às 20 e trinta começa a palestra!
Quando cheguei lá, me meti na primeira fila absurdamente grande para arranjar a pulseirinha VIP que o meu professor havia me prometido.
Oi. Tu é a Michele? Eu sou aluna do Hohlfeldt. (estendendo o pulso)
Esta era a senha to the doors of perception (como diria Jim Morrison). As portas para entender o que o escritor (e tantas outras atividades mais) Michel Houellebecq pensa, teoriza e bota no papel. Quando eu já avistava as lindas moças do outro lado do balcão, uma delas veio em nossa direção (nós meaning simples terrestres que não têm a pele perfeita ou o cabelo Seda Brilho Gloss - o comercial com a frase 'Ou você tem brilho ou não tem nada' ecoou pelo meu cérebro).
-Todo mundo que está nessa fila está querendo comprar o passaporte para o ano que vêm, né?!
Não. Eu só quero aproveitar todas as regalias de bolsista da PUC e de aluna do professor Hohlfeldt. Eu não quero pagar 550 reais, mesmo que eu possa parcelar em INCRÍVEIS DUAS vezes. Saí humildemente do meu lugar e fui falar com a moça.
Ela não sabia aonde eu tinha que ir. 'Essa fila é para os alunos que querem comprar o passaporte." Ok, isso eu já entendi. Falei com alguém do balcão, que me apontou a Michele. A Michele era a chefona. Tão chefona que nem a sua voz de taquara rachada nem o seu sorriso branco e largo a impedia de ser contaminda pelo estresse.
Ela me disse alguma coisa sobre 19 e trinta, 20 e trinta, lançamento do Fronteiras 2008, palestra. E A MINHA PULSEIRINHA?! ela já tinha voltado ao mar de pessoas empiriquitadas que tinham coragem de se mostrar indignados pela falta de informação. Coisa que eu não tinha.
Esperei perto de um pilar a Michele passar de novo por mim. Mas ela era agarrada por unhas bem feitas e puxada por mãos de anéis enormes. Todas já impacientes. Enquanto isso, aproveitei pra ver o trabalho das moças de-pele-perfeita-e-cabelo-Seda-Brilho-Gloss. As loiras do balcão avisavam as pessoas que elas precisavam entrar na fila grande, para depois voltarem ali. A Michele gritava (lembre-se: com sua voz de taquara rachada) que não era necessário entrar na tal fila. E o movimento bate-e-volta de 'fila-balcão livre-fila' continuava. Também havia umas outras loiras e uma morena que tinham que estar amenizando o caos, tirando dúvidas sobre pagamentos e prazos. Mas elas não sabiam as respostas. Então ficavam atrás da chefona perguntando o que elas já deveriam saber.
Quando consegui abordar a Michele de novo, ela repetiu furiosa (lembre-se: com a voz de taquara rachada): às 19 e trinta vai ter o lançamento do Fronteiras do Pensamente 2008! Às 20 e trinta começa a palestra!
E A MINHA PULSEIRINHA?!
Voz de taquara rachada: Tu pega às oito e meia!
Ahhhh tá. Perguntei pra uma outra loira de-pele-perfeita-e-cabelo-Seda-Brlho-Gloss se os mortais também poderiam ir no lançamento. O seu sorriso branco disse que sim. Quando eu cheguei no salão, vi que nem o efeito (de) estufa daquele lugar (calor insuportááááável) amainava o momento Eu Tenho Grana e Sou Culto da nata porto-alegrense. Vestidos, colares, ternos(!) estavam lá, lado a lado com a minha mochila azul (rasgada na alça e perto do fecho). Depois de 'o que eu estou fazendo aqui?' passar pela minha cabeça, vi uma mão acenando na minha direção. Era um amigo, o Gustavo. De calça jeans, tênis e camiseta, para minha sorte.
Ahhhh tá. Perguntei pra uma outra loira de-pele-perfeita-e-cabelo-Seda-Brlho-Gloss se os mortais também poderiam ir no lançamento. O seu sorriso branco disse que sim. Quando eu cheguei no salão, vi que nem o efeito (de) estufa daquele lugar (calor insuportááááável) amainava o momento Eu Tenho Grana e Sou Culto da nata porto-alegrense. Vestidos, colares, ternos(!) estavam lá, lado a lado com a minha mochila azul (rasgada na alça e perto do fecho). Depois de 'o que eu estou fazendo aqui?' passar pela minha cabeça, vi uma mão acenando na minha direção. Era um amigo, o Gustavo. De calça jeans, tênis e camiseta, para minha sorte.
Ficamos nós dois num canto. Olhando para o teto de vez em quando para descobrir de onde poderia sair um jato frio de ar-condicionado. Enquanto isso, garçons musculosos passavam na nossa frente. O nível daquele ambiente era à la damasco com ameixa seca. Também tinha champagne. E vinho. E amêndoas e amendoins em saquinhos. Num certo momento, apareceu uma bandeija com castanhas de caju. Na outra mão do homem, havia várias casquinhas de sorvete. E CADÊ O SORVETE?! Mas isso quem disse foi o Gustavo. Pelo menos eu não era a única a pensar isso. Mais tarde ainda vimos morangos mergulhados no gelo. A vontade de deixar o morango e pegar o gelo era grande.
Não sei se foi antes ou depois do vídeo com a apresentação dos novos conferencistas. Só lembro de algumas pessoas caminharem ao lado de Michel Houellebecq. Com um cabelo meio desgrenhado, uma camisa amarelo-ovo, um blazer bege e uma calça aparentemente cargo, ele assassinava a moda. Mas era a estrela. A princípio, o motivo para todos estarem ali. Porém ninguém deu muita bola para a sua presença. Ou eles estão muito acostumados a celebridades, ou raríssimos sabiam quem era Michel Houellebecq.
Tô mais pra segunda opção.
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Pinças & hímens*. e um pouco de sorte.
Me colocaram numa salinha minúscula, abafada pela falta de janelas. Me mandaram tirar a roupa, o que fiz de forma obediente. A pessoa que me acompanhava era notavelmente habituada com aquele sistema. E, talvez por isso, tive uma certa vergonha por as minhas mãos suarem de nervosismo.
Lá estava eu, para mais uma prática comum, mas para mim nunca normal, que é a depilação. A profissional Juliana, que todos chamam de Ju, já tinha aprontado seus sádicos apetrechos minutos antes da minha entrada tímida no local. Ela faz questão que a chamem de Ju. E a maioria das suas clientes assim o faz, menos eu e talvez algumas outras do contra. Chamar seu torturador pelo apelido me parece uma atutude, no mínimo, descontextualizada. Porque sim, depilação é uma tortura consentida. 'Mas vale a pena, né?', ela disse rindo. Cromaticamente, respondi seu humor negro com um sorriso amarelo.
Sozinha, já na parada, um cara interrompeu o meu complexo processo autoterapêutico de lembrar porque mesmo eu me submetia àquele líquido espesso, queimante e doloroso. O sujeito fez a ação de se aproximar - o que, pelo menos no Brasil, causa a instantânea reação de recuo do elemento B. No caso, o elemento B era eu. E eu jurei que o elemento A ia me assaltar. Depois do papinho "calma moça, não sô bandido não... é que eu tava preso (AAHH!!!) e tô precisando de 15 reais pra ir pra Viamão", a dúvida virou certeza. Mas a sorte quis me recompensar pelos sessenta minutos anteriores de martírio besuntante, e ele disse "só tô querendo trocar essa ficha de ônibus (objeto redondo, chato e verde na palma de sua mão) por dois reais." Eu, que não tinha troco, dei um real para o homem, que saiu agradecido. Um tempo depois, o vi correndo atrás de um garoto, do outro lado da rua. E a minha raiva pela depiladora finalmente cessou.
* para entender 'hímens', leia o texto abaixo.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Eu sou virgem.
"O taxista e uma menina de 19 anos, numa rua sem saída, de madrugada. Ele te dá uns tapas, te come (pausa) e ainda leva o teu dinheiro". Eu não seria capaz de descrever a expressão que tomava conta do seu rosto porque meus olhos propositalmente fitavam, imóveis, o pára-brisa (muito mais pelo verbo 'comer', do que pela hipotética cena descrita). Mas o meu pai estava determinado a me contaminar com o medo.
Minutos antes, ao encontrá-lo, eu havia perguntado como estava o nhoque da janta. Ele me respondeu olhando para o trânsito, com a voz calma e uniforme: "Não teve nhoque. Roubaram as batatas junto com o carro da tua mãe". Costumo dizer que o aniversário é o melhor dia do ano. Definitivamente não para a minha mãe, que foi assaltada no dia em que completava 47 anos. Foi, talvez, o ato de um anti-petista raivoso, que se emputeceu ao se deparar com o adesivo "Brasil: um país de todos". Colado no vidro traseiro do Honda Fit, ele ainda era um resquício da eleição do Lula no primeiro mandato. Um adesivo pré-mensalão, pré-relaxa-e-goza (e tantos outros prés), que, por algum motivo não muito definido, continuava lá, intocável.
Depois de me relatar o roubo, o meu pai ainda lembrou que, dias atrás, ao chegar em casa de táxi tarde da noite/cedo da manhã, esqueci de chamar os vigias, pagos pelos moradores do bairro. O que, repetia ele, era extremamente imprudente. Até posso ficar impressionada com o discurso. O tal estupro inevitável com o taxista mal-intencionado não me parece uma ótima idéia para sábado de madrugada. Mas a verdade é que sou virgem. Virgem em violência urbana. Não consigo trazer para a minha realidade o que ouço, vejo e leio na mídia.
Minutos antes, ao encontrá-lo, eu havia perguntado como estava o nhoque da janta. Ele me respondeu olhando para o trânsito, com a voz calma e uniforme: "Não teve nhoque. Roubaram as batatas junto com o carro da tua mãe". Costumo dizer que o aniversário é o melhor dia do ano. Definitivamente não para a minha mãe, que foi assaltada no dia em que completava 47 anos. Foi, talvez, o ato de um anti-petista raivoso, que se emputeceu ao se deparar com o adesivo "Brasil: um país de todos". Colado no vidro traseiro do Honda Fit, ele ainda era um resquício da eleição do Lula no primeiro mandato. Um adesivo pré-mensalão, pré-relaxa-e-goza (e tantos outros prés), que, por algum motivo não muito definido, continuava lá, intocável.
Depois de me relatar o roubo, o meu pai ainda lembrou que, dias atrás, ao chegar em casa de táxi tarde da noite/cedo da manhã, esqueci de chamar os vigias, pagos pelos moradores do bairro. O que, repetia ele, era extremamente imprudente. Até posso ficar impressionada com o discurso. O tal estupro inevitável com o taxista mal-intencionado não me parece uma ótima idéia para sábado de madrugada. Mas a verdade é que sou virgem. Virgem em violência urbana. Não consigo trazer para a minha realidade o que ouço, vejo e leio na mídia.
Nem furto de celular dentro do ônibus, muito menos roubo à mão armada. Muitas vezes desconhecidos me abordaram em ruas desertas gritando "ei, moça! peraí! não sou bandido não, viu moça?!". E eu pensava que tinha chegado a minha vez, a hora de fazer realmente parte da sociedade. Ser uma verdadeira nativa de país subdesenvolvido e ter aquela história para contar entre uma cerveja e outra, exclamando "AQUELE FILHO-DA-PUTA". Mas nada. Só pediam uma moedinha, um trocado.
Tempos atrás, eu me cuidava muito. Em transporte coletivo, pendurava a mochila para a frente, encostada na barriga. Notas de 50, quando carregadas a pé, eram estrategicamente trancafiadas no bojo do sutiã. E o meu iPOD por bastante tempo não conheceu a via pública.
Hoje em dia, me dei ao luxo de testar os limites da sorte apertando a tecla Foda-se. Não sei o que faria se fosse assaltada. E não é algo que eu adoraria que acontecesse. É mais uma curiosidade, um hímen inquieto.
Tempos atrás, eu me cuidava muito. Em transporte coletivo, pendurava a mochila para a frente, encostada na barriga. Notas de 50, quando carregadas a pé, eram estrategicamente trancafiadas no bojo do sutiã. E o meu iPOD por bastante tempo não conheceu a via pública.
Hoje em dia, me dei ao luxo de testar os limites da sorte apertando a tecla Foda-se. Não sei o que faria se fosse assaltada. E não é algo que eu adoraria que acontecesse. É mais uma curiosidade, um hímen inquieto.
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Comentário Básico, o Texto
Os Raimundos que me perdoem a 'autoria compartilhada', mas sempre fui uma Mulher de Fases. Pelo menos, na área musical. Quando descubro uma nova banda, ou uma letra a mim desconhecida, eu ouço muuuuuuito. O botão 'repeat' do rádio já ficou gasto. Virou 'rep t'. Chego a escutar ininterruptamente umas quinze vezes a mesma canção. Até que ela cansa e desaparece do meu pensamento. Ultimamente eu passava por um infeliz marasmo musical, nada novo me emocionava. Nada me enchia os ouvidos, os olhos. Só me enchia o saco.
Assisti à mais nova obra do Jorge Furtado - Saneamento Básico, O Filme - e amei. Aliás, A-MEI. Depois entrei no site oficial. Quando a página 'trilhas' apareceu, instantaneamente tocou 'Piangi con me'. Foi paixão à primeira vista. O download em MP3 ali mesmo disponível foi logo concluído. Fiz de conta que a minha fluência em italiano não era nula e fiquei gritando pelo meu quarto "SHALALALALALA PIANGI CON MEEEEE". Me enrosquei no fio do iPod e dancei. E dancei e dancei. Meu pé batia tão forte no tabuão do piso que chegava a doer. A meia não era suficiente para conter o atrito, tive que calçar pantufas. Mas aí já era tarde... meus pés já estavam doloridos e eu entrava madrugada a dentro. Era hora de dormir.
Fazia tempo que isso não acontecia comigo: pular até não poder mais. Aliás, havia séculos que eu não dava gargalhadas dentro de uma sala de cinema. E, em Saneamento Básico aconteceu. Lá estava eu, entre amigos, a rir até morrer.
foto: divulgação
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Posts
A minha turma de faculdade foi, desde o ano passado, dragada pelo universo dos blogs. Porém, acho que foi só na metade de 2007 que o pessoal se entusiasmou, posta com uma certa regularidade. E, já que (quase) todos têm blogs, eles fazem uma pressão extra para que ninguém desista: ATUALIZA!!. Eu não sou exceção: posto aqui sempre que o tempo aparece e que as idéias vêm. E, mais seguido ainda, navego pela Rede, comentando os blogs desses futuros jornalistas.
Nesse vai-e-vem de postar e ler postagens, percebi que existem pelo menos cinco tipos de posts nos blogs de estudantes de jornalismo. Olha só:
-Post VaiQ: É aquele que segue a lógica de que jornalismo é 80% esforço ( 1o% é talento e 10%, sorte). A pessoa 'esquece' que em blog não se recebe salário e não há prazo de entrega, mas mesmo assim escreve uma resenha sobre algum tema cultural, ou critica algum assunto bastante veiculado na mídia (à la ombudsman). É um investimento pessoal: treina o espírito de argumentação e exercita a escrita. Ah, e é claro: VaiQ um superjornalista lê o post, acha que essa pessoa é o futuro do jornalismo mundial e a contrata na hora! Por via das dúvidas... se posta...
-Post JaQ: Esse é um pseudo- post-VaiQ. Na faculdade de jornalismo, obrigatoriamente se escreve. Bastante. E quando o trabalho vale nota é inevitável: se esforça muito mais do que num blog. Aí tem aquele texto prontinho, que levou horas para fazer... não dá para recusar: JaQ eu já fiz...vai para o blog. Só que (é claro!) o estudante não se entrega na postagem , não diz que esse texto tem uma origem acadêmica...que o esforço ficou só no 'Ctrl +c, Ctrl+v'... VaiQ o superjornalista visita o blog exatamente nesse dia?!
-Post Desabafo: O mais intimista dos posts. É quando o blogueiro faz do espaço uma espécie de diário aberto. Conta o que está sentindo, histórias de vida, insights que ocorreram em algum lugar da cidade. Já rende várias linhas e adianta a terapia.
-Metapost: É um post sobre posts, ou sobre blogs. Enfim, aquele texto que a pessoa pensou enquanto criava um (outro) post.
-Bost: O grande medo de todas as pessoas que escrevem num espaço tão aberto quanto um blog! É quando o post fica UMA BOST... enfim, fica um bost. Esse caso infeliz pode acontecer de duas formas. Primeiro: quando o blog não é atualizado há séculos, e a pessoa escolhe escrever qualquer coisa para manter os internautas cativos em vez de deixar o blog com cara de velho, largado às baratas cibernéticas da blogosfera. Segundo(e esse é o pior caso): quando a pessoa pensa que escreveu um texto muito bom e ninguém comenta... no outro dia ninguém comenta também... aí ela pergunta "tu não viu o meu post novo?" e o amigo desvia o olhar "ah, eu vi sim...". É, meu caro amigo, infelizmente você foi vítima do bost.
Esta classificação não é rígida, podendo haver posts híbridos. Entre eles: Desabafo+Bost, VaiQ+Bost (o que é uma pena... já que a criatura se esforçou tanto...), JaQ +Bost (esse é muito ruim, já que não é só auto-estima que baixa, mas a nota final também...) e o Metapost +Bost (que eu REALMENTE espero que ESTE não seja um exemplo!!).
segunda-feira, 23 de julho de 2007
:(
-25 y 26. Yo voy a la ventanilla. Sí, sí. Bueno, un beso grande. Cha-Chau!
A senhora do banco da frente não sabia, mas era a última vez que -por um bom tempo- eu ouviria aquela língua, aquele jeito diferente de dizer 'tchau'. Quase todos os outros passageiros falavam português. E não tinha nenhum funcionário uruguaio. O comissário me perguntou "Porto Alegre?" e isso me irritou: ele pronunciava perfeitamente o R e dizia "alégri", em vez de "alêgrê". Assim como eu. Eu não era mais a exótica, la brasileña. Eu não tinha mais pra quem explicar o significado da palavra 'saudade'. Ainda na rodoviária, vi um outdoor luminoso: Hasta la vuelta! É... até! Fotografei a frase, acho que para eu lembrar que sempre poderia voltar.
A viagem levou dez horas e meia, 60 minutos a menos do que na ida: tinha menos trânsito. Há muito mais gente indo pra Montevidéu do que voltando. Deve ser porque vir embora é uma idéia estúpida. É, deve ser.
ps: O comissário era feio. Mas isso já era óbvio.
A senhora do banco da frente não sabia, mas era a última vez que -por um bom tempo- eu ouviria aquela língua, aquele jeito diferente de dizer 'tchau'. Quase todos os outros passageiros falavam português. E não tinha nenhum funcionário uruguaio. O comissário me perguntou "Porto Alegre?" e isso me irritou: ele pronunciava perfeitamente o R e dizia "alégri", em vez de "alêgrê". Assim como eu. Eu não era mais a exótica, la brasileña. Eu não tinha mais pra quem explicar o significado da palavra 'saudade'. Ainda na rodoviária, vi um outdoor luminoso: Hasta la vuelta! É... até! Fotografei a frase, acho que para eu lembrar que sempre poderia voltar.
A viagem levou dez horas e meia, 60 minutos a menos do que na ida: tinha menos trânsito. Há muito mais gente indo pra Montevidéu do que voltando. Deve ser porque vir embora é uma idéia estúpida. É, deve ser.
ps: O comissário era feio. Mas isso já era óbvio.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
Ponto F
Existe uma sensaçao que só se tem algumas vezes na vida. É como se um pedacinho do céu se desprendesse e chegasse até você, tipo calota polar em pleno aquecimento global. Parece que o ar abraça narinas e pulmões, e sorrir torna-se inevitável. Pode ser chamada de felicidade, porém nao é uma felicidade qualquer, trivial. Tem que ser daquelas que fazem a vida ter sentido.
Esse momento é tao especial que nunca é esquecido. Em 18 anos, tive três desses instantes. O primeiro, aos 11. Minha mãe estudava em Leeds, um pólo universitário da Inglaterra, no qual migram estudantes do mundo todo para desfrutar de um ensino de ponta. Meu pai e eu fomos visitá-la. Num passeio pela cidade, entramos na livraria Border´s e fomos tomar um chocolate quente (naquela época, ainda não havia nem sombra da Livraria Cultura em Porto Alegre. A Saraiva MegaStore só surgiria meses depois. Então beber qualquer coisa segurando um livro não-comprado era uma novidade para nós). Sentados na mesa ao lado da janela, o vapor da bebida entrava calorosamente pelo meu nariz. Um pedaço de coockie Millie´s (o ME-LHOR coockie de TODOS os tempos!) já havia sido abocanhado quando fui apreciar a vista. Indianos, japoneses, africanos: aquela gente apressada compartilhava a rua com os meus olhos. Foi ali que ocorreu.
O segundo, um pouco mais clichê, aconteceu quando eu tinha 16 anos. Apaixonada, tive esse momento o lado do meu primeiro namorado (se eu soubesse usar todos os recursos multimídia que a Internet proporciona, agora haveria um coro de meninas dizendo "oooohhhhh", de um jeito meloso e demorado). Passávamos as tardes na sua casa, depois da aula. Horas e horas basicamente olhando um para o outro. Estávamos os dois embalados por um edredom preto. Ele deitado e eu sentada. Falávamos sobre o futuro, sobre o que queríamos ser na vida: não profissionalmente, mas como pessoa. Olhei para ele, ali, com as mãos embaixo da nuca, e acreditei profundamente que eu era a criatura mais sortuda do mundo. E aconteceu.
O terceiro foi em fevereiro deste ano, quando viajei para Montevidéu. O Uruguai sempre teve um certo poder sobre mim. Com uma família fronteiriça, temos alguns amigos no país vizinho. Assim, viajamos para lá diversas vezes, das quais guardei boas recordações. Porém, foi apenas nesta viagem que me dei conta do quão AMO Montevidéu. Os prédios sao antigos, de um jeito meio mal conservado, perfeito para fotografias. As roupas são, em sua maioria, baratas e exatamente do meu gosto. As ruas são seguras e cobertas de plátanos. Por todos os cantos, há confeitarias, com doces maravilhosos. Medialunas, tortas, alfajores, empanadas, panqueque de manzana, além de pizzetas, chivitos e panchos: os carboidratos são fundamentais na mesa. Adultos escutam Chico Buarque, jovens gostariam que o Ronaldinho Gaúcho tivesse nascido mil quilômetros mais ao sul. Tem 97% de alfabetismo, e os museus são de graça. As lãs custam quase nada, e o doce de leite se come de colher. Em fevereiro, percebi que essa cidade é tipo uma colagem de tudo que gosto. E foi aí que senti.
Alfabeticamente perto do ponto G, a felicidade é como um orgasmo. Um orgasmo emocional.
domingo, 8 de julho de 2007
Papa, o limbo existia naquela viagem ao Uruguai.
Ainda nao tínhamos saído da rodoviária quando uma menina resmusgou para ir ao banheiro. Cinco minutos depois, um lindo rapaz - parênteses rápido: 90% dos homens uruguaios sao bonitos. Dados retirados da minha memória e do meu bom gosto - se posicionava bem à frente. Pelo microfone prateado, ele começou: "Buenas noches, señoras e señores,...". Esperei a traduçao do discurso, ela nao veio. Estávamos em Porto Alegre, mas aquele ônibus parecia transitar no limbo: nem Brasil, nem Uruguai. Da minha terra, só havia a irritante criança do xixi, o ônibus (que tinha uma etiqueta com a gravaçao "Marcopolo, Made In Brazil") e eu. El guapo terminou com "gracias" e ligou a tv. O filme era americano; a legenda, espanhol. Meus olhos se encheram de lágrimas, estranhamente me senti em casa.
segunda-feira, 25 de junho de 2007
A arte de vender sem mostrar
Uma linda mulher aparece na tela. Mergulhada em água cristalina, a musa está envolvida por um longo e delicado tecido cor-de-rosa claro. Ela gira suavemente em torno de si mesma. O movimento da câmera é lento, assim como ela. Uma palavra é sussurrada pelas caixas de som da minha TV, a modelo some. Era um comercial de marca de piscina? De roupas pra festa? De remédio emagrecedor? Não, era de perfume!
Aderi à teoria de que quanto mais gigante a marca, menos ela faz publicidade de si mesma. E o pior é que dá certo. Os comerciais de perfume são o melhor exemplo. Como é a fragrância de Flower by Kenzo? Sei lá. Mas na última vez que fui a Rivera, entre aquelas milhares de prateleiras dos freeshops, meu nariz foi direto para o seu frasco. A Coca-Cola é outra que vende sem falar de refrigerante. “Viva o lado Coca-Cola da música”. Não sei o que é uma coisa Coca-Cola, mas certo que é bom. Pra mim a gota d’água foi quando a Puma foi pro shopping Iguatemi: a loja não tinha nome! A Puma é uma marca tão sólida que ela nem põe logotipo na frente da sua nova filial.
Semana passada, assisti a um documentário no GNT chamado A Arte de Persuadir. Discutia o futuro da publicidade num mundo em que as pessoas a odeiam. Porém ela tem que existir de alguma forma. O programa trazia um conceito nojento, mas interessante: consumidores são como baratas, quanto mais inseticida, mais resistente eles ficam. Assim, o motivo pelo qual as supermarcas não anunciam seus produtos é que isso não vende mais. Todo mundo sabe que o sabão em pó tal NÃO limpa mais que ‘um sabão em pó comum’. Isso é como a história das baratas: já estamos imunes. Agora, não se vende um produto, e sim, uma emoção, a way of life. Tipo aqueles comerciais de margarina, mas pra tudo.
Aderi à teoria de que quanto mais gigante a marca, menos ela faz publicidade de si mesma. E o pior é que dá certo. Os comerciais de perfume são o melhor exemplo. Como é a fragrância de Flower by Kenzo? Sei lá. Mas na última vez que fui a Rivera, entre aquelas milhares de prateleiras dos freeshops, meu nariz foi direto para o seu frasco. A Coca-Cola é outra que vende sem falar de refrigerante. “Viva o lado Coca-Cola da música”. Não sei o que é uma coisa Coca-Cola, mas certo que é bom. Pra mim a gota d’água foi quando a Puma foi pro shopping Iguatemi: a loja não tinha nome! A Puma é uma marca tão sólida que ela nem põe logotipo na frente da sua nova filial.
Semana passada, assisti a um documentário no GNT chamado A Arte de Persuadir. Discutia o futuro da publicidade num mundo em que as pessoas a odeiam. Porém ela tem que existir de alguma forma. O programa trazia um conceito nojento, mas interessante: consumidores são como baratas, quanto mais inseticida, mais resistente eles ficam. Assim, o motivo pelo qual as supermarcas não anunciam seus produtos é que isso não vende mais. Todo mundo sabe que o sabão em pó tal NÃO limpa mais que ‘um sabão em pó comum’. Isso é como a história das baratas: já estamos imunes. Agora, não se vende um produto, e sim, uma emoção, a way of life. Tipo aqueles comerciais de margarina, mas pra tudo.
Tão interessante quanto o documentário era vê-lo na tv, porque ele era interrompido por... sim, por comerciais. Era tipo a apostila de exercícios, ver na prática o que eles teorizavam. A Claro dizendo “a vida na sua mão”... Excuse me, but... vocês não vendem celular?! Se eu pudesse ter a minha vida na mão eu pagava muito mais que 10 x 99,90...
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Lisa Says
Mais um dia de chuva em Porto Alegre. Meus fones de ouvido estavam milimétrica e estrategicamente bem posicionados para que não fossem vistos. E ninguém melhor que Lou Reed como companhia num dia chuvoso como esse (aliás, como esse e como todos os outros. Acho que as nuvens negras gostaram dos pampas, porque se recusavam a ir embora...). Andava eu pela Protásio Alves, tudo alagado. Meus tênis se encontravam numa incessante fuga contra poças. Ou melhor, lagos. Mesmo que de capuz e de sombrinha, I was taking a Walk on the Wild Side.
Mas o meu rancor com a chuva acaba aqui. A não ser por questões práticas, como ‘onde eu vou guardar a minha sombrinha molhada no ônibus?’ e por despertar o espírito sádico dos motoristas (sempre tem um engraçadinho pra jogar a água do meio-fio nos pedestres!), eu A-DO-RO a chuva. Isso mesmo: A-DO-RO. Call me Vicious if you want to, mas um final-de-semana de pura água me faz sorrir.
Um mês atrás mais ou menos, ouvi num seriado que a neve democratiza. Pode haver uma escultura ou uma lata de lixo: por onde a neve passa, tudo fica igualmente belo. Talvez dispensando a beleza estética, a chuva também se preste ao processo democrático. Quando ela chega, cai igualitariamente (ou aleatoriamente) em qualquer parte da cidade. No barraco e no condomínio fechado, as crianças choram por causa do barulho. O poodle e o vira-lata giram em volta deles mesmos e latem sem parar.
Seu ruído é mágico e sempre reconhecível. Não importa onde os pingos caiam, som de chuva é sempre som de chuva. E, mesmo que totalmente comum, é sempre anunciado: ‘Olha, tá chovendo!’ e sempre conferido : ‘Sério?!’, os olhos se dirigem à janela. Mantém os preguiçosos e os anti-sociais em casa sem culpa. ‘Bah, vamos sair?’, ‘pois é... é que tá chovendo...’. A luz é igualmente misteriosa. Um flash aleatório de qualquer lugar, inesperadas fotos sem negativo.
Dias de sol têm uma beleza óbvia. But with any rainy day you can dance your blues away.
Mas o meu rancor com a chuva acaba aqui. A não ser por questões práticas, como ‘onde eu vou guardar a minha sombrinha molhada no ônibus?’ e por despertar o espírito sádico dos motoristas (sempre tem um engraçadinho pra jogar a água do meio-fio nos pedestres!), eu A-DO-RO a chuva. Isso mesmo: A-DO-RO. Call me Vicious if you want to, mas um final-de-semana de pura água me faz sorrir.
Um mês atrás mais ou menos, ouvi num seriado que a neve democratiza. Pode haver uma escultura ou uma lata de lixo: por onde a neve passa, tudo fica igualmente belo. Talvez dispensando a beleza estética, a chuva também se preste ao processo democrático. Quando ela chega, cai igualitariamente (ou aleatoriamente) em qualquer parte da cidade. No barraco e no condomínio fechado, as crianças choram por causa do barulho. O poodle e o vira-lata giram em volta deles mesmos e latem sem parar.
Seu ruído é mágico e sempre reconhecível. Não importa onde os pingos caiam, som de chuva é sempre som de chuva. E, mesmo que totalmente comum, é sempre anunciado: ‘Olha, tá chovendo!’ e sempre conferido : ‘Sério?!’, os olhos se dirigem à janela. Mantém os preguiçosos e os anti-sociais em casa sem culpa. ‘Bah, vamos sair?’, ‘pois é... é que tá chovendo...’. A luz é igualmente misteriosa. Um flash aleatório de qualquer lugar, inesperadas fotos sem negativo.
Dias de sol têm uma beleza óbvia. But with any rainy day you can dance your blues away.
domingo, 10 de junho de 2007
DENOREX
Quando eu era pequena, passava tardes e mais tardes assistindo à televisão. Às vezes, ali aparecia uma imagem de arquivo, uma cena de telenovela de 30 anos atrás. Então as cores ficavam opacas, estranhas. E eu pensava: será que as pessoas notavam que aquelas cores mostradas na tela não eram como as reais? Eu arriscava que não e me assustava: será que as cores que eu vejo HOJE na TV não são como as reais, mas, como eu sempre as vi assim, elas parecem ser?
No ano passado, vi uma partida de futebol numa TV normal e numa HDTV (High Definition Television, traduzindo, televisão em alta definição). Minha dúvida cromática foi sanada rapidamente: o que na primeira era cor, na segunda era cor ao quadrado. Imaginei meus olhos castanhos e pequenos arregalados, de um ângulo alguns centímetros mais abaixo do que de onde vi aquele jogo.
Se eu ainda fosse criança, teria ido para casa pensando que nem tudo é como parece ser. Como estudante de jornalismo... pensei o mesmo. Mais canais, pluralismo da informação, interatividade, inclusão digital, mobilidade: a digitalização da TV tem muito mais a oferecer do que simplesmente cores vibrantes.
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Tributo a Gilnei Marques
Quero ser jornalista desde os meus 13 anos de idade. Quem me inspirou a tomar essa decisão foi meu tio, Gilnei Quintana Marques. Um grande tio, um grande cara, um grande blogueiro (http://www.tropicodecancer.blogger.com.br/), um grande jornalista. Tudo isso com uma grande personalidade, até o último dia de sua vida.
Hoje seria seu quadragésimo primeiro aniversário. Então, faço um pequeno tributo com um dos textos mais bem escritos que eu li ultimamente. É sobre o meu tio. Talvez precise conhecer um pouco o meu tio para que se entenda plenamente as boas idéias do autor. Sim, eu não tenho uma visão imparcial para dizer se ele é realmente bom... então conclua você se ela é uma boa crônica. Ah, sim: o texto é de Jaime Wagner, colunista do Baguete Diário (www.baguete.com.br), publicado no dia 22 de maio de 2007.
Gilnei de novo
Várias vezes, tenho tido o impulso de pegar o telefone e falar com o Gilnei. Mais do que saudade, é necessidade. O texto abaixo é do primeiro semestre de 2005. Na época, escrevi-o meio que a título de provocação. Publico-o agora como um tributo à memória do meu amigo e como uma necessidade de falar com ele, ou sobre ele, ou sobre ele em mim ou eu nele.
Gilnei. Do verbo gilnar: gilnei, mas desculpe, foi sem querer. Quando vi, já tinha gilnado. Quer dizer... Foi meio sem querer, “sem querer querendo”, a la Chavez. Mas por que é que eu estou me desculpando? Gilnei sim, porque não haveria de gilnar? Gilnarei quando quiser e enquanto puder. E vocês que me engulam. Ou me cuspam. Como quiserem e lhes aprouver.
Tá bem... Gilnei de novo, eu sei. Mas isso é a essência de gilnar. Não é para qualquer um. Há que ter coração e estômago. E dois culhões. E um bilhão de neurônios, assim: por baixo. E a maior parte deles termina lá. – no coração, no estômago e nos culhões. Ou talvez, comece lá. Sou duro sim, às vezes, mas o que é que tem? Se não gostou, por que continua aí lendo?
Desculpe, já ia gilnando de novo. É a veemência de um ser polêmico por natureza. Por isso fiz jornalismo. Não para ser assessor de imprensa; sou assessor de opinião. Aliás, ditador de opinião: eu digo qual é a opinião que tu deves ter. E ainda te contradigo. E se quiseres discordar de qualquer um dos lados, já terás a tréplica.
Viu: gilnei de novo. Gilnar é assim. Gilna-se em ondas, como o mar. Às vezes, mansamente se derramando na praia, outras furiosamente se debatendo contra as pedras. Mas sempre líquido: envolvente e profundo.
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Procuram-se órfãos
Numa sociedade em que há crianças abandonadas para dar e vender – literalmente (!) – um certo grupo de órfãos pode estar em falta: os carentes por um bom jornalismo. O documentarista João Moreira Salles fez parte da categoria. Sentia falta de matérias de qualidade e resolveu fazer algo a respeito. Com um pouco de entusiasmo e outro tanto de dinheiro, lançou a revista Piauí.
Com o avanço das tecnologias e o advento da Internet, a maneira de informar entrou em crise. Já há estrutura física para que um fato vire notícia, e esta circule pelo mundo em minutos. Assim, inicia-se a maratona pelo ‘furo’. O veículo vencedor é aquele que fizer a notícia chegar primeiro ao público. Conseqüentemente, entre um quilômetro e outro da corrida, perde-se qualidade. As revistas e os jornais também entraram na competição, mas, quando se trata de instantaneidade, ficam de lanterninhas. Querem tanto se igualar aos outros meios que a maioria encurta seus textos, enxuga suas páginas, as inunda de imagens, e trata do que já foi dito ontem na Internet, no rádio e na televisão.
A Piauí é o atleta que tem surpreendido a torcida quando dá meia volta e corre para o lado contrário. A revista não tem a pretensão de contar um fato antes dos outros. Ela quer entregar a informação que os outros não deram, dar o contexto da notícia. Além disso, seus escritores (não necessariamente jornalistas) misturam ficção e realidade, para tornar o assunto interessante e manter o leitor até o último ponto final do texto. É um adeus à pirâmide invertida.
Sem dúvida, é um movimento audacioso, louvável. Salles não acredita nem em uma possível futura concorrência. É caro e difícil fazer uma revista de qualidade, surpreendente. Porém, a estréia da Piauí também dá um outro lançamento: a pergunta ‘há quem leia essa revista?’. Esse é um questionamento muito mais complexo do que se ‘tem quem a compre?’. Os dados já comprovam: estimava-se que a venda mensal seria de 10 mil exemplares e hoje é o triplo. Então tem quem gaste dinheiro com jornalismo de qualidade sim.O marketing da Piauí é: uma revista para quem tem um parafuso a mais. E todo mundo quer ser inteligente e culto. Ser contra a tendência mundial de superficialidade no jornalismo é simples. Ler quase 70 páginas standard (ou, mais otimista, ler apenas a maioria dessas folhas) de letras minúsculas mensalmente é para poucos. Há, não só no Brasil mas em todo o mundo, um desejo de apreciar a leitura, de estar bem informado e de ter uma opinião bem estruturada sobre os temas mais diversos. Porém a paciência (e também o tempo) esgota-se já nos primeiros parágrafos. É por isso que a TV faz sucesso. Uns parafusos faltando não fazem grande diferença na compreensão das (maioria das) mensagens. A Piauí corre o risco de ser aquela revista de guardar em cima da mesa de centro da sala de estar. A capa é interessante, mostra que o anfitrião tem estilo. A pergunta é se ele realmente tem um parafuso a mais.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
Penso logo.... existo?
Descartes que me desculpe. Mas ultimamente percebi que é preciso muito mais do que pensar para existir. Pelo menos, para existir no mercado jornalístico. Pensar não serve para (quase) nada quando ninguém fica sabendo das suas reflexões.
A internet é, pelo menos nesse caso, minha grande aliada. Escreverei aqui semanalmente sobre o que me der na telha. Se no meu telhado aparecerem vários assuntos (que eu achar) relevantes, postarei mais seguido. Ah, quero colocar também imagens aqui. As que eu fotografar, de preferência, já que essa é uma (outra) paixão minha.
Bom, vamos aos textos!
meu telhado está cheio de idéias.
A internet é, pelo menos nesse caso, minha grande aliada. Escreverei aqui semanalmente sobre o que me der na telha. Se no meu telhado aparecerem vários assuntos (que eu achar) relevantes, postarei mais seguido. Ah, quero colocar também imagens aqui. As que eu fotografar, de preferência, já que essa é uma (outra) paixão minha.
Bom, vamos aos textos!
meu telhado está cheio de idéias.
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